Existir

"Um escritor italiano que conhece muito bem Portugal dizia há uns anos: «uma estranha semiótica rege este país. Um português pergunta a outro: "Aonde vais este fim-de-semana?" O outro responde: "Fico por aí...."»

Gil, José (2007). Portugal , Hoje: o Medo de Existir. 11ª Edição. Lisoa: Relógio D'água.

(Resultado da minha visita à feira do livro)

Cárie

Entro no gabinete dez conforme a voz do intercomunicador me havia ordenado. A assistente coloca-me um babete de papel em redor do pescoço. Deito-me na cadeira reclinável, pouso o casaco sobre as pernas, tiro os óculos (ficam sempre salpicados), cruzo as mãos para o caso de ter de escapar-me do desconforto da broca ou dos esguichos de água, ajuda sempre quando uma das minhas mãos aperta a outra. E nestes momentos acabo sempre por olhar a sofisticada lâmpada que ilumina os meus maxilares, posso talvez desviar o olhar para o médico, reparar alguns pormenores pessoais, este parece que pinta o cabelo, é magro, o meu antigo perguntava-me sempre como estava, fazia conversa de ocasião, este só me questionou no início, o que a traz por cá?, em poucos minutos esgravatou o que havia para esgravatar e carregando num pedal deixou-me novamente sentada, volte cá para semana, tem uma cárie para tratar.

Cadáver Esquisito: Já temos uma contribuição! Agora quero mais. Vá que não custa nada. Abram a mente, absorvam o exterior, oiçam as conversas no café da esquina, observem os transeuntes, pensem no que os outros estão a pensar. A que cheira o alibi?!

Proponho a quem tenha interesse em enviar frases ou o que quiser sobre o tema: Cheira a Alibi.
Tentarei construir um texto usando esse material que depois mostrarei aqui.
Participem para ovo_zero@yahoo.co.uk.

AO TRABALHO! (não se intimidem!)

«A Corrida em Círculos» - I

O círculo é a forma eleita:
É ovo, é zero
É ciclo, é ciência.
Nele se inclui todo o mistério
E toda a sapiência.

É o que está feito,
Perfeito e determinado
É o que principia
No que está acabado.

Ana Hatherly (1971)


Frase do dia

" bocadinho apetecia-me morrer."

(E eu pensando: bolas, ainda bem que agora não)
(enganei-me no À?! espero que não)

Coisas que aprendi hoje

- Cortar as cenouras em tiras enviezadas para manter o equilíbrio céu-terra, de acordo com a filosofia japonesa;
- O que é temphe, mizo, kuzu, millet.
- E muitas outras coisas estranhas mais (de aspecto estranho mas apetitosas).

Ora diga lá

O empregado de mesa aproxima-se com um caderninho e saca do lápis atrás da orelha, ora diga lá menina.

30, 31 Maio e 1 Junho na Biblioteca de Sintra, Casa Mantero.
Mais informação em http://encontroalternativas.blogspot.com

Há dias em que o tempo parece andar de outra maneira, em que os minutos passam a ser outra coisa, em que o sol não tem pressa de andar, ou a terra de se esconder, as ervas param de crescer, um tempo que já não é tempo, mas sim um momento na nossa vida, porque a vida é feita de momentos e não de dias ou de anos.

Dois pais



Um pai (Joaquim Phoenix) perde o filho numa situação de atropelamento e fuga, quando estacionados numa estação de serviço o miúdo sai do carro para libertar os pirilampos de um frasco de manteiga de amendoim. O objectivo deste pai é a todo o custo encontrar o responsável pelo acidente, que guia uma carrinha escura. E quando ele já quase esquece o rancor, surgem novas pistas...
Um outro pai (Mark Ruffalo), enquanto conduzia o filho de regresso de um jogo dos Red Sox, atropela uma criança na estrada. Hesita mas continua a conduzir. O seu objectivo é não perder o filho, que é a única pessoa que lhe resta na vida.

os 78 anos

Um senhor hoje chorava porque fazia setenta e oito anos, e porque eram quase três da tarde e a mulher ainda não o tinha vindo visitar. E dizia que ontem pensou que a sua vida tivesse acabado. Mas hoje fez a barba em frente ao espelho, passou after shave e quando a mulher chegasse havia de lhe dar um beijo.

Arco, arco, onde andas tu?

Continuo a descobrir o meu arco. Será este o meu arco? Onde anda o meu arco? Arco, arco, onde andas tu?

Vou onde eles me levarem

Como se fosse a rua que se deslocasse e não o carro. A sombra dos candeeiros a atravessar-se nos campos externos da minha visão, sigo com os olhos a linha intermitente que divide as faixas de circulação. E os braços são mais do carro do que meus, são uma continuação do volante, do tablier, vou onde eles me levarem.

Nova sugestão gastronómica

Aos fins de semana o restaurante goês oferece por 1.95 € um menú de pequeno almoço que serve de almoço para quem acorda tarde:
café
pão (meio doce) com queijo ou fiambre
sumo natural de fruta
ovo
fatia de bolo

Mais em www.solar-de-goa.pt/

Eduardo das Conquilhas

Não só conquilhas mas também: lagostas, lavagantes, cavacos, sapateiras, santolas, canilha, lagostins, percebes, camarão, gambas, amêijoa, berbigão, mexilhão e navalheiras.
Junto à estação de comboios da Parede. Ambiente informal, ideal para petiscos nos fins de tarde. Fecha à quarta-feira. Aberto até às 2.00h.

Obrigada e igualmente

O empregado do supermercado passa os produtos na luz vermelha que detecta os códigos de barras. Eu peço um saco, abro o saco, ponhos as compras no saco. Oito euros e vinte cêntimos, verde código verde. Agradeço, o empregado deseja-me bom fim de semana, eu penso que hoje é segunda-feira. Confiro o talão enquanto me desvio para a saída. Páro, volto atrás, procuro o empregado e digo, obrigada e igualmente.

Sábado no Sado



joca

Oiço a vizinha de cima a chamar o cão, joca, joca, vem cá. cão feio. E ela toc toc toc segue nos seus sapatos de vir da rua. E a máquina de lavar rola para um lado e para outro, a janela abre, o estendal range um som arrepiante de atrito em demasia.

Romance em Amesterdão

Estou a ler um livro do Tiago Rebelo. De fácil leitura, especialmente aconselhado para ler à noite, quando estou cansada e já não tenho paciência para decifrar enigmas literários. O livro conta a história (quase telenovela) de um homem e uma mulher que se reencontram passados quinze anos, após terem vivido um romance em Amesterdão.

A música é uma coisa fantástica. Tem o poder de nos ajudar a ficar mais alegres, mais calmos, mais eléctricos, mas também nos afunda quando estamos tristes. Por isso talvez comece agora a organizar os meus ficheiros de mp3 por categorias emocionais e não por artistas.

9 Maio 2008

Há tanta gente preocupada em viver. Simplesmente viver. E nós continuamos preocupados com que filme vamos ver logo à noite, onde haveremos de estacionar o carro, que marca de detergente para a roupa será melhor, quantas colheres de açúcar colocaremos no café.
E os outros simplesmente querem viver. E depois logo se vê no que resulta, tudo o que vier a mais é bónus. Tudo o que querem poder fazer é não parar de pensar que para viver é só preciso alguma vontade.

Agradeço...

Aos visitantes de
Curitiba,
Redwood City,
Póvoa de Varzim,
Lisboa,
Rio Maior,
Caniço,
Alenquer,
Porto Salvo,
Lourosa,
Vilela,
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Freamunde,
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Salvaterra de Magos,
São João da Talha,
Feira,
Terrugem,
Alcoentre,
Azambuja,
Chicago,
Belm,
Vizela,
Bombarral,
Arruda dos Vinhos,
Vila Nova de Gaia,
Paris
e
Linda-a-Velha.

Gostava de ser uma formiga, andar nas esquinas dos azulejos, atacar o açucareiro do armário da cozinha, subir pelo caule das plantas.

Pestana

Será que existe coisa mais frustante do que não conseguir dormir por causa de uma pestana enfiada no olho?

"Estou doente, mas ando com umas febres interiores, é porque eu nem sequer tenho temperatura, mas acordei com febre interior, que é bem pior que a febre exterior, com os lábios inchados..."
Ok, quem me explica a diferença?

Novos caminhos

Eles andem aí