Ver a vida com novos olhos

Neste caso com novas lentes.

Comecei a usar óculos com seis anos. Andava na primeira classe, a escolha da cor foi obviamente o cor de rosa. Exibo-os orgulhosamente nas primeiras fotografias da escola. Eu a colorir um livro de colorir, em cenário de fundo um póster do bambi. Desta época sobrevivem histórias engraçadas, como quando perdi uma lente e só reparei passado várias horas. Ou quando os óculos voaram na feira, quando eu andava naquelas coisas giratórias do carrossel, e o senhor do microfone anunciou: atenção, perderam-se óculos de criança.
Chegando à adolescência entrei na fase dos óculos de massa, redondos, quanto maiores melhor (o cúmulo do ridículo, quem inventou estas modas?). Comecei a não gostar de usar óculos, no décimo ano só os usava quando estava em casa, o que me obrigava a ficar na fila da frente e copiar algumas matérias do caderno da colega do lado.
E depois de tantos anos a usar óculos resolvi experimentar lentes. Agora já posso ir à praia e regressar à toalha sem me perder. Já posso estar em sítios quentes sem que os óculos embaciem. Vou deixar de olhar por baixo dos óculos. Vou deixar de ter o tique de retocar os óculos no nariz. Não os vou limpar, não os vou colocar de manhã. Não os vou acomodar na caixa.
Secalhar até vou ter saudades.

5 ovos:

  1. João Amaro Correia disse...

    pitosga.

  2. ovo zero disse...

    com muito gosto

  3. Anônimo disse...

    Agora estás o máximo!

  4. ovo zero disse...

    obrigada, tirando o facto de não conseguir andar ao pé do fumo das sardinhas assadas.

  5. Anônimo disse...

    não dei por nada!